Primeira semana da COP30: Instituto Decodifica amplia presença e tensiona debates sobre adaptação climática
A primeira semana da COP30 expôs uma disputa central sobre o futuro da adaptação climática e da Meta Global de Adaptação (GGA). Nesse cenário, o Instituto Decodifica teve atuação destacada, circulando por diferentes zonas da conferência e reforçando a conexão entre dados comunitários, políticas públicas e justiça climática.
Ao todo, o Decodifica participou de mais de 15 atividades, entre painéis, oficinas e rodas de conversa. Os encontros do projeto Retratos das Enchentes ganharam protagonismo e mostraram que dados produzidos por populações periféricas têm peso estratégico para pressionar por políticas de adaptação mais alinhadas à realidade dos territórios.
“A primeira semana foi muito intensa. Nosso time se dividiu entre painéis, negociações e debates trazendo a perspectiva da Geração Cidadã de Dados. Apresentamos preliminarmente os dados do projeto Retratos das Enchentes e como isso se conecta diretamente à urgência climática”, afirmou Mariana de Paula, diretora-executiva do Instituto Decodifica.
A agenda começou antes mesmo da abertura oficial, com o Encontro Rede GCD em Pré-COP, na Casa Libra, reunindo organizações de diferentes regiões. Depois vieram atividades de formação, como o Beabá da COP (10/11), voltado à popularização dos mecanismos da política climática.
A educação climática se destacou no painel “Manas: Educação climática como rota para a governança participativa”, no Pavilhão Brasil. O debate apresentou o projeto Manas, que formou mulheres e meninas jovens em educação ambiental e estimulou lideranças femininas na pauta climática.
Entre 11 e 14 de novembro, o projeto Retratos dominou a programação do Decodifica, com eventos simultâneos dentro e fora da COP30. As discussões passaram por resiliência urbana, juventudes em organismos internacionais, tecnologias ancestrais e debates específicos sobre enchentes, matriz energética e transição justa. Na Blue Zone, o painel “How local cultures and community-generated data shape climate solutions” discutiu a necessidade de que indicadores globais dialoguem com realidades locais.
Outro ponto relevante foi o debate “IA e Clima”, realizado na Casa Ipê, que abordou o cruzamento entre infraestrutura digital, energia e justiça climática.
Nos dias 13 e 14, as oficinas do Beabá da COP e da Geração Cidadã de Dados mobilizaram comunicadores, jovens e organizações. O painel “Transformational Adaptation from the Global South: Race, Gender, and Territories in the GGA” reforçou o papel das desigualdades raciais e de gênero na formulação de políticas de adaptação.
O encerramento da semana incluiu debates sobre governança urbana, financiamento climático e a apresentação da Carta COP30 das Favelas (15/11), que reuniu análises e propostas construídas a partir de territórios populares. O instituto também integrou a Marcha Global pelo Clima, no bloco de organizações negras e de favelas.
“A COP é muito grande e há muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Estamos acompanhando negociações e trazendo a perspectiva de resiliência climática para as periferias. Pensar o enfrentamento ao racismo ambiental é fundamental”, afirmou Thiago Nascimento, diretor executivo do Instituto Decodifica.
Na segunda semana, o Instituto mantém uma presença intensa, com atividades na Green Zone, Blue Zone e espaços paralelos em Belém. Painéis, oficinas e lançamentos reforçam a centralidade dos territórios, das juventudes, das mulheres e da Geração Cidadã de Dados.
O cortejo Manas abriu a semana no dia 16, com uma caminhada por justiça climática no centro de Belém. Cartazes questionavam quem paga a conta da crise e destacavam temas que atravessam a vida nas periferias, como enchentes, saneamento precário e violência.
No dia 17, o painel institucional “Mulheres pela Justiça Climática”, no Amazon Climate Hub, reuniu lideranças femininas que articulam respostas comunitárias à crise climática.
Em 18 de novembro, o projeto Retratos lançou oficialmente o relatório preliminar “Retratos das Enchentes: Cidades, Dados e Justiça Climática”, na Cas’Amazonia Brasil, com dados inéditos sobre impactos de enchentes urbanas gerados por moradoras e moradores. Na mesma manhã, a mesa “Do território à palavra: Comunicação para a Justiça Climática”, na Casa das ONGs/ABONG, destacou metodologias de comunicação popular desenvolvidas pelo Decodifica e pela Confluência das Favelas.
No dia 19, o projeto Manas apresentou o painel “Extremos Climáticos, Cuidado e Saúde Mental”, na Green Zone, discutindo os efeitos emocionais da crise do clima sobre juventudes periféricas. Simultaneamente, o Retratos participou do Festival SGB Na Estrada e conduziu o debate “Cidades e Adaptação Climática: Como construir territórios resilientes e sustentáveis”.
No dia 20, a atuação seguiu para a Blue Zone. Às 11h15, o painel “Landing the GGA on Territories” discutiu como a Meta Global de Adaptação precisa se ancorar em realidades concretas da América Latina e Caribe. Às 13h30, o projeto Manas apresentou “Mana’s Network: Young Women Driving Climate Justice”, no Capacity-Building Hub, com dados e propostas construídas por jovens do Rio de Janeiro e de Belém.
Com essa agenda extensa, o Instituto Decodifica consolida sua posição como referência em Geração Cidadã de Dados, incidência em adaptação climática, gênero, comunicação popular e financiamento climático. A organização reforça que não há adaptação possível sem justiça climática, sem financiamento adequado e sem a presença direta dos territórios nos espaços de decisão.
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