Geração Cidadã de Dados no centro do debate da Blue Zone na COP30
Painel destaca o papel das culturas locais e da produção comunitária de dados na construção de soluções climáticas e de políticas públicas mais justas. O Instituto Decodifica e as ONG’s Data_Labe e Voz das Comunidades participaram do painel.
Na primeira semana da COP30, o Instituto Decodifica integrou o painel “Geração Cidadã de Dados: Como as culturas locais e os dados gerados pelas comunidades moldam soluções climáticas”, no Entertainment + Culture Pavilion na Blue Zone. Integraram a mesa, Mariana de Paula do diretora-executiva do Instituto Decodifica, Polinho Mota diretor do Data_Labe, Rene Silva e Gabriela Conc do Voz das Comunidades, Samia Nascimento da Secretaria Nacional de Periferias.
O encontro reuniu organizações, lideranças e representantes do poder público para discutir como a produção cidadã de dados e o conhecimento territorial podem impulsionar justiça climática, fortalecer identidades e inspirar novas políticas públicas.
Mediado por Maria Ribeiro, gestora de comunidades do Data_Labe, o painel apresentou a Geração Cidadã de Dados (GCD) como uma ferramenta que coloca os territórios no centro da formulação de políticas. A metodologia envolve a população em todas as etapas, da criação da hipótese à sistematização e ao compartilhamento das informações, a partir do reconhecimento da cultura, da memória e da comunicação como formas de construção de contra narrativas sobre os territórios.
“A gente teve a oportunidade de trazer o projeto Retratos das Enchentes e perceber quais são os desafios e oportunidades que a Geração Cidadã de Dados traz, pensando a cultura como vetor político de fortalecimento territorial, de incidência e de construção de confiança. É a partir da cultura que a gente pode ter uma mudança comportamental das pessoas sobre a crise climática que a gente vive. Pensar novos caminhos, novos formatos para que a gente possa também influenciar políticas públicas de acordo com as nossas realidades”, afirmou Mariana de Paula, diretora-executiva do Instituto Decodifica.
Representando o Data_Labe, o diretor Polinho Mota contextualizou o conceito de Geração Cidadã de Dados e defendeu a democratização das tecnologias e das metodologias participativas.
A dimensão comunicacional foi destacada por Rene Silva, fundador do Voz das Comunidades, e Gabriela Conc, cofundadora da mesma organização. Eles ressaltaram o papel da mídia de base na construção de narrativas que protagonizam as favelas, com ênfase na potência cultural e nas soluções locais criadas pelos próprios moradores.
A mesa contou ainda com a participação de Samia Nascimento Sulaiman, coordenadora-geral de Articulação e Parcerias da Secretaria Nacional de Periferias do Ministério das Cidades, que compartilhou a experiência do governo federal com metodologias participativas, como o Mapa das Periferias.
“A mesa foi composta por duas organizações que já trabalham com GCD há alguns anos, o Data_labe e o Decodifica, que implementam essa metodologia em diferentes projetos e cidades do Brasil, ampliando a Geração Cidadã de Dados e a replicabilidade dessa prática. Foi, portanto, uma junção perfeita de diferentes níveis de responsabilidade para pensar a interseccionalidade entre cultura e participação cidadã nas políticas públicas, nas soluções climáticas e sociais.” destaca Maria Ribeiro.
O painel evidenciou a importância de articular dados para enfrentar os desafios da crise climática. A partir de uma atuação em rede com a Confluência das Favelas e outras organizações parceiras, o Instituto Decodifica tem ampliado a aplicação da Geração Cidadã de Dados em diferentes regiões do país, como é o caso do projeto Retratos das Enchentes, com atuação no Rio de Janeiro e Pernambuco, que realizará o lançamento do seu relatório durante a COP30.